A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, oficializará sua saída do PSDB e ingressará no PSD, partido comandado nacionalmente por Gilberto Kassab. O evento de filiação está previsto para o dia 10 de março, às 19h, e deve contar com a presença de Kassab e outras lideranças da sigla. Além de reforçar o PSD no estado, Lyra também deve assumir a presidência estadual da legenda, substituindo o atual ministro da Pesca e Aquicultura, André de Paula.

A movimentação da governadora reflete o enfraquecimento do PSDB no cenário nacional. Com apenas 13 deputados federais e três senadores, o partido já não tem a mesma força de outrora. Raquel Lyra, que ingressou no PSDB em 2016 após sua saída do PSB, vinha demonstrando insatisfação com os rumos da legenda. Recentemente, ela declarou que a sigla “diminuiu de tamanho” e confirmou que negociava uma nova filiação.

O Papel de Lula na Movimentação de Lyra

A mudança de partido não é apenas uma questão de insatisfação interna. Há um claro movimento estratégico do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ampliar sua base de apoio no Nordeste, e a filiação de Raquel Lyra ao PSD faz parte desse plano. Pernambuco é um estado simbólico para Lula, pois além de ser sua terra natal, foi o estado nordestino que mais elegeu prefeitos tucanos na última eleição municipal.

No tabuleiro político, Lula fez o óbvio: atraiu para sua órbita uma governadora do PSDB que estava insatisfeita, facilitando a reconfiguração de alianças para 2026. O PSDB, por outro lado, descartou qualquer fusão com o PSD e o MDB, optando por negociações com Solidariedade e Podemos, partidos de menor expressão. Esse distanciamento aumentou ainda mais o isolamento da sigla, tornando a saída de Lyra um movimento natural.

O Que Esperar do Novo Cenário?

Com a chegada ao PSD, Raquel Lyra pode ter um papel mais central na política pernambucana e até mesmo nacional. O partido já faz parte da base do governo Lula, e seu ingresso pode indicar uma postura mais alinhada ao Palácio do Planalto.

Por outro lado, sua mudança também pode gerar reações dentro do grupo de oposição, especialmente entre os que ainda apostavam no PSDB como uma força relevante. Além disso, a nova composição do PSD estadual sob o comando de Lyra pode trazer impactos para as eleições municipais de 2024 e a corrida para o governo de Pernambuco em 2026.

A saída da governadora do PSDB é mais um capítulo no processo de desidratação do partido, que já perdeu figuras de peso como Eduardo Leite, que flertou com o MDB, e João Doria, que se afastou da política. O caminho do PSDB segue incerto, enquanto Lula avança no tabuleiro, conquistando novos aliados e consolidando sua influência no Nordeste.

O PSDB Pode Sobreviver? Estratégias para Conter a Sangria e Retomar a Relevância Nacional

O PSDB vive um de seus momentos mais delicados desde sua fundação. A saída da governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, para o PSD é mais um golpe duro em um partido que já perdeu protagonismo nacional e encolheu significativamente no Congresso. Com apenas 13 deputados federais e três senadores, os tucanos precisam urgentemente de uma estratégia para conter a debandada e evitar a irrelevância.

Mas ainda há salvação? O PSDB pode retomar sua força? Para isso, é necessário agir rápido e com inteligência. Aqui estão algumas estratégias que poderiam ajudar os tucanos a reverter esse quadro.


1. Reconstrução da Identidade Partidária

Nos anos 1990 e início dos anos 2000, o PSDB era o partido do Plano Real, das privatizações estratégicas e de uma oposição sólida ao PT. Hoje, falta clareza sobre o que o PSDB realmente defende. O partido precisa reconstruir sua identidade, definir uma pauta econômica e social clara e oferecer uma alternativa real ao eleitorado.

Solução: Elaborar um programa de governo atualizado, com propostas concretas para problemas como inflação, desemprego e segurança pública. Além disso, reforçar sua postura de centro-direita democrática, para se diferenciar tanto da esquerda petista quanto da direita bolsonarista.


2. Reaproximação com as Bases e os Prefeitos

O PSDB ainda tem uma base importante em algumas regiões, principalmente no Sul e Sudeste, e continua sendo um partido forte em prefeituras. No Nordeste, apesar da perda de Lyra, o partido tem um número expressivo de prefeitos eleitos.

Solução: Investir pesado em lideranças municipais e regionais. Um partido se fortalece de baixo para cima, e os prefeitos podem ser a chave para a reconstrução da sigla. O PSDB precisa oferecer estrutura, capacitação e apoio para esses gestores, garantindo que eles permaneçam leais e engajados no projeto tucano.


3. Fim da Guerra Interna e Unificação das Lideranças

As brigas internas e a falta de unidade são fatores que têm enfraquecido ainda mais o PSDB. A divisão entre o grupo paulista, historicamente liderado por Alckmin e Doria, e o grupo do Sul, representado por Eduardo Leite, tem impedido o partido de tomar decisões estratégicas.

Solução: O partido precisa urgentemente de uma liderança nacional forte e respeitada. Alguém que consiga unir as diferentes alas e evitar novas deserções. Um congresso interno para reorganizar a sigla, definir um líder de consenso e alinhar um projeto comum pode ser o primeiro passo.


4. Rompimento com a Política de Cima do Muro

Nos últimos anos, o PSDB oscilou entre a direita e o centro, sem tomar uma posição clara. Isso afastou eleitores tradicionais e não conquistou novos. O eleitorado brasileiro busca políticos que tenham posições firmes, e o PSDB precisa definir com quem quer dialogar.

Solução: Assumir uma postura mais clara no espectro político. Se quer ser um partido de centro-direita, precisa dialogar diretamente com o eleitor liberal e conservador, oferecendo uma alternativa ao bolsonarismo. Se deseja ser um partido de centro, precisa atrair setores moderados da política, incluindo aqueles insatisfeitos com Lula e Bolsonaro. O PSDB precisa parar de tentar agradar a todos e definir seu rumo.


5. Planejamento para 2026 e Fortalecimento das Candidaturas Próprias

O PSDB perdeu protagonismo porque parou de lançar candidatos fortes nas eleições presidenciais. Em 2022, João Doria foi rifado antes mesmo de competir, e a legenda não teve um nome competitivo.

Solução: Trabalhar desde já na construção de uma candidatura presidencial forte para 2026. Eduardo Leite ainda é um nome viável, mas precisa ser consolidado nacionalmente. Outra opção é investir em nomes emergentes em São Paulo, Minas Gerais ou no Sul, ou uma candidatura, por exemplo, do Amazonas, que possam se tornar referências nacionais.


Conclusão: O PSDB Ainda Tem Salvação?

Apesar do cenário desafiador, o PSDB ainda tem espaço para se reerguer. O partido precisa de uma identidade clara, de um líder forte e de uma estratégia bem definida para voltar ao protagonismo. Se não agir rápido, corre o risco de ser apenas mais um partido nanico no cenário político brasileiro.

A debandada pode ser contida, mas isso exige coragem e decisões firmes. Resta saber se os tucanos estão dispostos a enfrentar essa batalha ou se continuarão perdendo espaço para partidos mais organizados e pragmáticos, como o PSD e o União Brasil.

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